Como Funciona:
Dentro de um banco, um olheiro observa clientes de
aparência mais frágil que fazem saques em dinheiro – geralmente mais de R$
5.000,00 – e conta a um comparsa na rua, via celular, como o cliente está
vestido. A vítima, então, é seguida até um ponto em que o assaltante pratica o
crime com menos risco de ser apanhado. Quase sempre há dois ou mais no grupo. A
ação é rápida, faz com que a vítima não tenha reação e seja quase nulo o poder
de identificar os infratores. Motos são usadas na fuga. A “saidinha bancária” é
mais comum na época de pagamentos (primeiros cinco dias úteis do mês), no fim
do ano (pagamento do 13º salário) e em dias próximos aos feriados festivos –
Dia das Mães, Natal, Ano Novo, etc.
O número de mortes decorrentes de violência em bancos ou
correspondentes bancários chegou a 57 em 2012, enquanto em 2011 foi 49 e no ano
anterior 23, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Veja um pequeno exemplo neste vídeo.
O número de mortes em assaltos envolvendo bancos no país
cresceu 11,1% no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do
ano passado, aponta levantamento, divulgado nesta sexta-feira (19/07), pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e a
Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV). A pesquisa, elaborada com o apoio
técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese), mostra que o total de vítimas passou de 27 para 30. O estado que
concentra maior número de casos (46%) é São Paulo, com 14 mortes.
"O que mais nos
preocupa é essa curva de crescimento constante, porque foram 23 casos em 2011,
passamos para 27 e chegamos a 30. Não se tem medidas por parte do setor
financeiro que reduzam essas mortes", avaliou José Boaventura Santos,
presidente da CNTV. O Rio de Janeiro é segundo estado em número de mortes, com
cinco vítimas, seguido pela Bahia e pelo Rio Grande do Sul, ambos com três.
Cerca de 60% dos casos, 18 mortes, correspondem aos assaltos ocorridos quando
os clientes saem da agência, crime conhecido como saidinha bancária.
Os clientes continuam
sendo as principais vítimas dos assaltos envolvendo bancos. Foram 21 casos no
primeiro semestre deste ano, um aumento de 40% em relação ao mesmo período do
ano passado. Os vigilantes aparecem em seguida, com quatro mortes. Segundo a
CNTV, existem cerca de 700 mil vigilantes no país, sendo que 25% trabalham em
instituições bancárias.
"Isso significa que
ir a um banco hoje pode ser uma operação de risco", acrescenta Boaventura.
Quase a totalidade das mortes (93,3%) correspondem a pessoas do sexo masculino.
"Geralmente os homens sacam quantias maiores de dinheiro e são também
maioria nas atividades de segurança. Eles estão mais expostos ao risco e reagem
mais à ação dos assaltantes", avalia.
Ele acredita que faltam
investimentos por parte das instituições bancárias que garantam aos clientes
uma movimentação segura. "Foram investidos R$ 3,1 bilhões em segurança e
vigilância em 2012, enquanto o lucro dos seis maiores bancos superou R$ 51
bilhões. E esse cálculo ainda envolve proteção de crimes eletrônicos, ou seja,
o investimento real para segurança da vida das pessoas ainda é menor",
apontou. O levantamento aponta que os bancos foram multados pela Polícia
Federal em R$ 8,8 milhões pelo descumprimento de normas de segurança
Como medidas de prevenção
que poderiam ser adotadas, Boaventura aponta a instalação de biombos e
divisórias, além de câmeras e portas de segurança. "A porta, por exemplo,
deveria se tornar obrigatória. Defendemos também a blindagem das
fachadas", sugeriu o presidente da confederação. Ele destacou que em João
Pessoa, capital da Paraíba, onde uma lei municipal obriga a instalação de
divisórias, não foram registrados crimes de saidinha bancária.
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