Porta
de entrada no mercado de trabalho para muitos jovens, o call center emprega
mais de um milhão de pessoas no Brasil. Na Bahia, são 50 mil postos de
trabalho. E, como há uma rotatividade grande - com permanência dos
profissionais, em média, de dois anos -, são oferecidos cerca de 700 postos de
trabalho por mês no estado. Nesta semana, o SineBahia e a Contax estão em busca
de 4.720 pessoas. As quatro mil vagas são para a nova unidade da Contax, no
bairro do Bonfim.
Uma das vantagens de trabalhar em
telemarketing é que você não precisa, necessariamente, de experiência prévia. É
preciso apenas ser maior de 18 anos e saber utilizar as funções básicas de
informática. Por isso, muita gente que nunca trabalhou recorre à atividade.
Dados do Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia)
indicam que, dos 50 mil funcionários no estado, 45% estão no primeiro emprego e
55% têm entre 18 e 24 anos.
Muitos deles aproveitam o trabalho
para custear os gastos com estudos, como a operadora Lucimari Cerqueira, de 20
anos, que trabalha como operadora há mais de um ano e ganha um salário mais
remuneração variável. "A independência financeira é muito
importante", diz.
A maioria dos profissionais, contudo,
migra para suas áreas de interesse dois anos depois, em média. Do call center,
os operadores levam na bagagem importantes experiências adquiridas no
atendimento. À medida que lidam com pleitos e clientes diferentes, os
atendentes desenvolvem capacidade de argumentação, senso de conciliação e
maturidade profissional, características valorizadas em qualquer meio
corporativo, destaca a analista da Tel Telemática, Tamires Alves.
Para quem fica, as operadoras
estimulam o crescimento, priorizando seleções internas para treinamento,
supervisão, coordenação e gerência. Na Contax, 90% dos cargos de chefia são
ocupados por antigos operadores. Renata Costa é um exemplo de funcionária que
trilhou a sua carreira no setor. Começou como operadora em 1997 e hoje é
responsável pelo recrutamento. "O crescimento hoje é mais rápido. Em um
ano, o operador já pode ser supervisor, ganhando o dobro", diz.
Mais de 40 anos
As facilidades para atuar na área
também têm atraído profissionais acima dos 40, o que representa, atualmente, 5%
da mão de obra, segundo o Sinttel. São pessoas que não conseguiram se
estabelecer em suas carreiras e que procuram uma recolocação no mercado,
segundo Moisés Frutuoso, gerente do SineBahia.
Moisés Frutuoso destaca que o setor
absorve essas pessoas que ainda estão produtivas.
"Alguns profissionais não se adaptaram
às mudanças que o mercado vem passando nos últimos 15 anos. E o call center tem
possibilidade de ser entrada no mercado e de permitir que quem está fora
retorne", diz.
Regulamentação
Mesmo empregando mais de um milhão de
pessoas no Brasil e sendo uma profissão que dá a possibilidade de ingresso no
mercado de trabalho, a atividade de telemarketing não é regulamentada. O
sindicato da classe, a Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em
Telecomunicações) iniciou campanha para agilizar a aprovação do projeto que
regulamenta a profissão, o 2.673, de 2007.
A regulamentação garantiria salários
melhores e segurança jurídica em relação às horas trabalhadas, diz o diretor
administrativo do Sinttel (sindicato na Bahia), Marcos Pires. A carga horária
de seis horas, por exemplo, não foi estabelecida por lei, acabou sendo
praticada por decisão judicial. Isso não confere, contudo, nenhuma garantia, já
que
decisões posteriores
podem revogar a inicial, como ocorreu em 2012. "Uma ministra do TST
estabeleceu que seriam seis horas, e essa posição se manteve por um bom tempo,
até que em 2012 houve decisão contrária, que depois contornamos. Mas não temos
segurança, a qualquer hora pode ser mudado".
O sindicato defende que as oito horas,
embora previstas na Constituição, não podem ser aplicadas aos operadores devido
à natureza do trabalho. No atendimento, eles falam e ouvem por muito tempo e
usam muito o computador, o que gera doenças ocupacionais, a LER (Lesão por
Esforço Repetitivo) a principal delas. Os profissionais ainda estão sujeitos à
pressão dos clientes e das próprias empresas para cumprir metas.
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