Ela tem uma filha de 12 anos e praticamente só se alimenta de água.
Psiquiatra diz que é preciso internação, já que risco de morte é de 40%.
A imagem é
impressionante. Com apenas 24 quilos distribuídos em 1,56 metro, uma moradora
de Bauru (SP) sofre de anorexia nervosa -
caracterizada pela perda excessiva de peso - e pede ajuda para conseguir
tratamento em uma clínica especializada. Com 34 anos hoje, a situação da
ex-gerente de restaurante se agravou nos últimos três anos. Ela praticamente
só se alimenta de água. O transtorno psiquiátrico é o mais mortal que se tem
registro: 20% das pacientes não sobrevivem.
A primeira crise ocorreu entre os 13 e 17 anos. Natural de Petrópolis(RJ), a jovem
preferiu não ter a identidade revelada, mas disse que no tempo de escola as
pessoas a chamavam de gorda. “Sempre fui meio depressiva desde criança. Na
escola era chamada de gordinha. Então, comecei a não comer mais e até fingia que
comia e jogava fora. Falava que não queria ser a gorda do colégio. Quando
pegava o ônibus vazio fazia questão de ir em pé pensando que ajudava a
emagrecer. Não tomava nem água”.
No fim da adolescência,
a mulher se casou e pouco depois teve uma filha, hoje com 12 anos. A segunda
crise a atingiu há três anos. Ela conta que após ser demitida do emprego de
gerente em um restaurante e a separação do marido fizeram agravar a saúde. De
lá para cá, a jovem raramente sai do apartamento onde mora. A vergonha com a
aparência é o motivo da reclusão.
“Adorava trabalhar, mas depois que deixei o restaurante e a depressão
foi se agravando, não consegui mais lutar. Às vezes vou ao mercado, mas sempre
quando o tempo está fresquinho, porque dá para eu usar um casado e esconder os
braços. Hoje estou tendo forças por causa da minha filha. Tenho certeza que vou
vencer. Antes me vi no espelho e me achava a ‘Dona Redonda’. Hoje olho e falo
que não sou eu”, desabafa.
A alimentação
dela é praticamente à base de água. Além da filha, a mãe e uma tia ajudam nos
afazeres do dia a dia. A mãe, Tereza Alves, largou o emprego em Petrópolis para
cuidar da filha em Bauru. Tereza diz que na última semana, por exemplo, a filha
não comeu nenhum alimento sólido. “Ontem, apenas, ela comeu um pouquinho de
sopa. Mas muito pouco. Não sei de onde ela tira força. Ela tinha um corpo
bonito que chamava a atenção por onde passava. Hoje ela está vegetando e é uma
morta viva. Em abril quase morreu. A anorexia é uma doença enganosa”.
Já a tia, a dona de casa Ana Alves, avisa que os rins da mulher estão
parando por falta de líquidos e nutrientes no organismo. “Estamos pedindo
socorro para ela. Os rins dela estão parando. Ela não urina, os dentes estão
começando a cair e também não menstrua mais”.
A anorexia já
levou a ex-gerente de restaurante a duas internações, mas que não surtiram
efeito. Ela toma remédios para depressão e calmante para dormir. A família pede
ajuda para receber um acompanhamento psiquiátrico e nutricional. “Não temos
condições de pagar por um tratamento. Precisamos de ajuda”, conta a mãe Tereza.
A paciente que enfrenta a doença lembra o tempo em que brincava o
Carnaval. Uma foto de arquivo dela mostra a diferença do corpo até os 31 anos
de idade. “Foi o meu último Carnaval em Petrópolis. Eu quero ajuda e virar essa
página em minha vida. Quero sair dessa. O que mais me machuca é que sou
inteligente, lúcida e sabendo de tudo o que está acontecendo comigo. Tenho medo
de não dar tempo de ver minha filha crescer”, lamenta.
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